Por Bruna e Ismael
Publicado em Experiências | Offline | Tags : BEM VIVER, INCENTIVAR, INSPIRAR, LEVEZA, QUALIDADE DE VIDA, REFLETIR, SLOW LIVING, TRANSFORMAR
* Por Alan Corrêa
Conta-se a história de um aprendiz de monge que, quando entrou para o mosteiro, recebeu como uma das regras o silêncio absoluto por três anos seguidos. Após esse tempo, ele poderia falar duas palavras com seu mestre e depois esperar longos três anos novamente para ter a oportunidade de dizer algo de novo e ser ouvido.
Quando passado os primeiros três anos ele entra para o confessionário com o direito de dizer apenas duas palavras, e então ele diz: “Cama dura”. Fica um silêncio na sala, o mestre não diz nada e ele se levanta e vai embora. Passados mais três anos lá está o aprendiz de monge novamente, e então dessa vez ele diz: “comida ruim”. O silêncio segue e o aprendiz deixa a sala olhando para trás.
Passados mais três anos ele não aguenta mais o lugar e todo mundo e então, no confessionário, diz suas duas últimas palavras: “Eu desisto”. Nesse momento, então, o mestre se pronuncia, respondendo: “Você reclama muito”.
Ninguém consegue ficar livre de não reclamar de nada, e existem reclamações que são verdadeiros desabafos necessários para se seguir em frente. Porém, o perigo da reclamação é quando a mesma se torna parte de sua identidade, quando a reclamação está inserida no seu repertório comportamental.
É muito ruim ter por perto pessoas que vivem reclamando, o ambiente fica desprovido de harmonia, o lar vira casa, o trabalho vira fardo e a companhia, seja ela qual for, se torna extremamente desagradável.
Eu sei de gente assim, que faz da reclamação a sua forma de comunicação. São pessoas que só conseguem puxar um assunto ou desenvolver uma conversa pelo viés da queixa.
Qual o gatilho da sua reclamação? Aquilo que te faz reclamar?
Tem reclamações que não foram acionadas por um gatilho da situação em a pessoa está, mas sim por um gatilho do coração. Você percebe que a reclamação não está enraizada nas duras circunstâncias que estão enfrentando diante da vida, mas no coração. E é aqui que mora o perigo.
Recentemente saiu uma matéria no jornal dizendo que o papa Francisco colocou um aviso na porta de seu quarto na casa de Santa Marta (o Vaticano) que dizia: “É proibido reclamar”.
A reclamação para muitas pessoas é algo que infelizmente já acontece de forma natural, então lembrar que é proibido reclamar pode ajudar a amenizar esse hábito.
Mas o que fazer para não reclamar ou reclamar menos se a primeira opção não é tangível?
1º – Você tem que parar de usar o passado para comparar com o presente. Muitas reclamações sempre começam com uma ponte que está no passado. Por exemplo: “Antes de eu me casar”, “antes de meus filhos serem adolescentes”, “antes da crise”, “antes de vir morar aqui”. De forma alguma use o passado para desvalorizar o seu momento presente.
2º – Saiba esperar o desfecho da história, muitas reclamações acontecem antes do tempo. Vivemos apressadamente e queremos que as coisas aconteçam sempre no agora e, quando não acontecem, reclamamos. Saber esperar ajuda a reclamar menos.
3° – Tenha isso como meta. O escritor americano Will Bowen, que idealiza uma campanha mundial incentivando as pessoas a pararem de reclamar, propõe em seu livro que fiquemos 21 dias consecutivos sem lamentações.
4° – A reclamação é capaz de jogar ainda mais cinza no colorido do nosso dia. Experimente resolver um problema adotando como primeira coisa a ser feita parar de reclamar dele e perceba que, mesmo que o problema ainda não tenha sido solucionado, a vida passou a ser mais saborosa.
* Alan vive em São Paulo, no grande ABC. É casado e pai de duas crianças e gosta de poesia, trilhas e cachoeiras.